Vivemos buscando satisfações
Através de sentimentos e emoções,
Dos quais gostamos mais.
Mas mal sabemos que tudo isso já esta inscrito,
Já está à espera de nossos momentos.
Todas essas infinitas possibilidades
Já existem em potência.
Devemos então desviar à tendência,
Sem importar-se com o caminho.
Harmonicamente e sem distinção;
Vendo o todo, sentindo o todo,
Sem exceção e sem discrição.
Pois só assim poderemos ver o melhor caminho,
Ver as possibilidades harmônicas infinitas
Florescerem à nossa frente.
Só assim a verdade permeia,
A vida vira vida...
As ilusões desaparecem.
Inverdades e Desmentiras, Não há razão, Toda nudez será castigada, A essência está na voz, The Doors, Aforismos.
domingo, 2 de novembro de 2008
Instatisfeito
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Morrer...
Viver e ter vergonha de ser feliz...
Chorar a tristeza de ser um eterno aprendiz.
Eu sei que a vida não devia ser melhor
E nunca será...
E é por isso que eu repito:
Não é bonita, mas é bela e contida.
sábado, 19 de julho de 2008
Inércia
corre porque não sabia que se podia
simplesmente se abster de correr
você corre os olhos, não contempla
corre as sensações, goza rápido demais
corre e não espera o sol vir a você:
sempre foge pro horizonte e, quando vê
ele já está ali, de novo
nascendo atrás de você
a linha de chegada é tão logo aqui
que, fatigada de obscuridão
sua vista acaba cega por tamanha iluminação
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Vago
devagar, destruir o auto-conhecimento
esvaziar-se:
o abstrato é o concreto
o prolixo, o conciso
e, o perdido,
o perdido é o vivido
terça-feira, 3 de junho de 2008
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Sofismo
"seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo", diriam muitos e, com seus imutáveis chavões, enfatizariam que "não há progresso sem mudança" ou que "só a mudança é constante".
pois bem, nada mais fácil de corroborar por nós, seres pragmáticos, incapazes de enxergar um palmo diante do nariz em um nível de abstração abaixo do que podemos ver, tocar, sentir. meu corpo muda, minha forma de pensar muda, minhas vontades, as coisas à minha volta, tudo muda: somos todos essa "metamorfose ambulante".
implícita nessa noção intuitiva está a idéia de uma grande descontinuidade de todas as coisas, é como se o Universo fosse um filme, com um certo número de quadros estáticos por unidade de tempo. é como se o Ser só existisse se pausássemos o filme ou tirássemos uma fotografia: a cada instante existe uma força mutante, a força mais forte do Universo, gerando o próximo quadro que, apesar de bem semelhante com o antecessor, nada guarda do passado além daquilo que permaneceu o mesmo. está subentendido nessa hipótese sobre a mudança que a todo momento existe um processo transformador atuando sobre tudo e então eu pergunto: não seria esse processo, na verdade, agregador?
quando eu era um feto, na época da minha infância ou há um segundo atrás eu, de fato, não era fisicamente o mesmo, não pensava do mesmo jeito e tampouco tinha as mesmas vontades. o que mudou? "eu", a resposta mais simples e preguiçosa possível gera a incrível contradição da falta de unicidade do Ser. mas então, o que mudou? a relação entre as coisas.
eu, você, o monitor para o qual está olhando e o sol somos todos a mesma coisa: Energia. essa Energia agrupa-se em diversos níveis de abstração para formar o que você vê: desde quarks e gluóns, passando por atómos, organismos e essas palavras, aparentemente desconexas, que você acaba de ler. a origem de tudo, o big bang, não é uma transformação das partículas fundamentais, mas sim a mudança de interação entre fragmentos infinitesimais: antes concentrados num conjunto infitamente denso, passaram a espalhar-se com a explosão.
eu não sou o mesmo de outrora porque estou vivendo, sentindo e descobrindo coisas a todo instante e, ao mesmo tempo, fazendo dezenas de milhões de associações entre os meus neurônios. essas associações potencialmente sempre existiram, os neurônios estavam sempre lá, prontos, esperando para serem ligados. a cada instante eu agrego coisas e, assim, amplio o meu leque de possibilidades dentro do que eu sempre fui, mas não sabia.
é exatamente isso que os mesmos muitos afirmam, contraditoriamente com a sua retórica, sem perceber ao falarem "eu sou o que escolhi ser". eles dizem que todas as possibilidades de associações estão abertas e que, dentre aquelas que já existem, nós escolhemos, a todo instante, quais devemos incorporar para construir o eu instantâneo, parte de um dos quadros estáticos do filme do Universo. nessa visão, no entanto, essa metáfora perde o sentido: eu não mudo a cada instante, apenas escolho potenciais maneiras de interagir com o Universo que estão implícitas em mim desde que fui concebido em um embrião. melhor ainda, essas escolhas estão subentendidas desde que os meus pais, os pais de meus pais, os pais de meus pais de meus pais foram concebidos: ela estão subentendidas desde que o Universo foi concebido.
acredita-se que as pessoas são resultado do seu DNA, um ácido desoxirribonucleico, e da sua interação com o meio. eu acredito que as pessoas, as coisas, tudo, são resultado do DNA do Universo, as partículas fundamentais de Energia, e da sua interação com o Meio.
esqueça a idéia de que você tem uma essência, uma personalidade: tudo é parte de um Todo, e tudo que você pensa que é, na verdade, é uma parte ínfima de escolhas dentro do que você está atualmente apto a ser e, ainda, uma parcela rídicula, absolutamente medíocre do que você realmente é. você pode fazer qualquer coisa, pensar de qualquer forma, possuir todas as sensações e, por fim, ignorar todos os níveis de abstrações para ser o que você, no fim das contas, é: Energia.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Bloco do eu sozinho
recordar é qualquer coisa entre o viver e a letargia. mas a que outro sintoma estaria eu condenado se o meu quadro clínico acusa que a minha mente não arrumou as malas, despediu-se do corpo e persistiu na inesquecível viagem? eu odeio não ter controle da situação, odeio alimentar-me dessas síncopes em doses diárias.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
segunda-feira, 24 de março de 2008
quarta-feira, 19 de março de 2008
terça-feira, 18 de março de 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
domingo, 16 de março de 2008
Tempo inconstante,
O percebo em ondas.
É rápido, curto,
Às vezes lento, ofegante.
Mas sempre tangente.
Desacelera, acelera,
E raramente pára.
Passam-se as horas,
Passam-se os minutos.
Às vezes trocando os valores.
Hora que se faz minuto,
Minuto que se faz hora.
Perceber o tempo é complicado,
O espaço, mais fácil.
quarta-feira, 12 de março de 2008
Cor
cores.
Amarelo, verde?
Vermelho e azul!
Quando acordo,
meu cinza é verde.
Quando durmo, preto.
Meu amarelo tem um tom especial.
Não é meu favorito, pois gosto da tranquilidade.
Agora, se olho pro céu, amarelado,
Vejo a tranquilidade, esverdeada.
Brincar com as cores é engraçado,
Parece mongol, retardado,
Mas faz todo o sentido, e vasto.
Elas são únicas e são todas,
Um paradoxo vivo.
Agora, voltando ao sol,
é amarelo ou dourado?
quarta-feira, 5 de março de 2008
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Desabafo
não posso estar certo se pelo menos isso provém univocamente da minha essência, compreender até que ponto fui contaminado de automaticidade ao (tentar) furtar-me à mecânica das engrenagens da Sociedade, retroalimentada ingenuamente pelos organismos humanos. voltando, a que remeteria a tal famigerada personalidade, a qual deveria, ao menos em tese, responder a fatídica pergunta 'quem sou eu?', caracterizar o ser (ou o não-ser)? ah, à expressão-de-uma-parte-ínfima-mas-dominante-do-eu, quase me esqueço. já que toquei no assunto, e esse tal eu, o que mesmo era para ser? para não fugir do lugar-comum, usa-se dizer que seria aquilo constamente inconstante, toda aquela metamorfose ambulante. você sabe: tempos de efemeridades, mutabilidade deixou de ser insanidade para virar moda global. Mas o que eu não entendo é que. ou será que não é que? que? qual? quando? como é que alguém definiu que, ao menos no infinitésimo de intervalo de tempo, eu sou eu, você é você, não somos vários, e todo mundo, não sendo todo mundo, acreditou, acreditaram? como podemos (nós?) crer em democracia de nossas partes, de nossos átomos, quando na verdade vivemos ditadura sangrenta de certas tendências (melhor: fraquezas) nossas, modeladas a cada instante pelo meio? não há para onde fugir: somos a encarnação de todas as possibilidades, atitudes e sentimentos, nós podemos (e queremos, ah, no fundo queremos) ser tudo, ser todos, tudo ao mesmo tempo e, com quase que a totalidade do nosso potencial oprimido pelo mundo, acabamos a vaguear robotizados por trajetórias algorítmicas, não-arbitrárias, e sem óleo nas juntas.
ser ou não-ser: eis a ausência de questão se, ao invés de não-sermos, nós fôssemos.
não sei você, mas eu, esse tal de eu que todos falam (e são) deve ser outro, não eu.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
Ora são
Deitar-me faz em verdes pastos, e eu me deito;
Guia-me a águas tranqüilas, e eu nado.
Destrói a minha alma;
Guia-me pelas veredas da justiça.
Por amor à causalidade.
Sim, ainda que andasse pelo vale da sombra da morte,
Não temeria o mal, pois o Acaso está comigo.
Teus dois cubos sagrados me consolam.
Preparas uma mesa para mim
Na presença dos meus inimigos.
Unges a minha cabeça com óleo,
O meu cálice transborda.
Certamente a bondade e a misericórdia e o mal e a crueldade
Me seguirão
Todos os dias da minha vida:
E habitarei para sempre na casa do Acaso."