Em destaque:
Inverdades e Desmentiras, Não há razão, Toda nudez será castigada, A essência está na voz, The Doors, Aforismos.

sábado, 31 de março de 2007

O Sémen e a Flor

à flor da pele, sem cor
brota a semente da presença
como que florida de nascença
de fotossíntese do semeador

a flor da pele, o candor
floresce pavidamente
da sensação impotente
de que semea dor o semeador

mas, à flor da pele, a flor da pele
sensibiliza-se, semeada cutaneamente
que, desflorada de seus entrementes
semea amor o semeador

terça-feira, 27 de março de 2007

Alternativa


Tire as máscaras antes de entrar,
aja duas vezes sem pensar,
ponha o carro na frente dos bois,
pois os últimos serão sempre os últimos
e tempo é vivência.

Recordar é pausar a vida
e ter a consciência limpa não é ter memória fraca.
A última impressão é a que fica.
Beba muita cachaça,
esqueça-se depressa de mim.

Vá pelo sol,
não pise no cimento,
fale com estranhos,
mas o dinheiro não fala todas as línguas
e o futuro a você pertence.

Faça o que faço e não o que digo:
em terra de cego quem tem um olho é apredrejado.
Fuja do anti-convencional.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Eu-lírico


como podem metáforas da língua
ser expressionismo de funções emotivas?
como podem metonímias de 1° pessoa
estereotipar a semântica de polissemia?

reticências, exclamações, interrogações, vírgulas, quando pontuadas
soam ao receptor como orações de sujeito desinencial, indeterminado
com conotação de eufemismo romântico
denotação de naturalismo irônico
e acento agudo em catacrese intertextual

ao emissor, sua própria retórica é paródia:
não há coesão ou coerência, concordância ou regência
não há pleonasmo, mas prosopopéia
coordenando com junções subordinativas
pseudo-paralelismo de realismo

dos versos, um eu-lírico depreende hiato fonético
de narração heurística
de argumentação metalinguística

segunda-feira, 19 de março de 2007

Amor...

Amor não se entende,
Amor se sente.
Amor não se passa,
Amor se exala.
Amor não se recebe,
Amor se percebe.
Amor não espera,
Encara.

Amor não se cria,
Amor surge,
Feito a chuva,
De repente,
Que logo se apossa, preenche,
E faz da vida nossa,
Presente.

Mas não se consome,
Se aspira.
Não se gasta,
Se perde.
Não se acaba,
Se esquece.
E não é só,
É mútuo.
Não é cego,
É mudo.

sábado, 10 de março de 2007

Complicada busca


Necessidade do toque,
Fusão.
Do olhar que penetra,
Conexão.
Do silêncio melódico,
Suficiente.
E da plena interação,
Viciosa.

Essa falta que perturba a atenção,
Impede a contemplação
E impõe insatisfação.

Busca incessante,
Pois não se se completa só.
E na espera,
A verdade se esconde.
Não há música.

Homenagem (atrasada) a elas.


As responsáveis por nossos entantos.
As sensivelmente aguçadas.
As sentimentalmente capazes
De amparar nossos desencantos.

Elas que têm curvas,
Elas que quebram nossos quadrados,
Que moldam-nos em círculos,
Hiperbolizam nossas paixões.
Elas que manifestam o valor do que não se explica,
Que equilibram nossa razão
Com o transbordamento da emoção.

As criadoras de vida,
A condição à poesia.
As resistentes à dor,
Os redemoinhos de amor.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Escoamento rarefeito


se o seu ralo é não ter ralo
oríficio tragante da razão
misto de fluidos de emoção
confluência de sedimentos de desprendimento
de liberdade ingênuo encanamento
vício efêmero
o que fazer quando entope?

quinta-feira, 1 de março de 2007

Cidade Cenário


Cidade Plenário
promotora da ambição
advogada da competição
álibi da inspiração
prova de condenação
Julgamento jocoso
invariavelmente duvidoso
descaradamente criminoso;

Cidade Arenário
desaglomerada aglomeração
desapropriada apropriação
involuída evolução
explosiva implosão
Paradoxo de organismos estressados
poluidamente desnaturados
roboticamente cronometrados;

Cidade Cessionário
contraste mordaz
de inter-relação fugaz
egocentrismo loquaz
e artificialismo tenaz
Multidão insossa
que desmultifacetada em fossa
é desprovida de coletiva bossa.